Sentado numa rocha.
Na beira de um rio.
Um homem se encantou.
Quando percebeu o que viu.
Uma mulher descer do céu.
Deslizando pelas águas.
Com olhos cor de mel.
E asas encantadas.
Se apaixonou de imediato.
Jurou amor, flores e sua dedicação.
Revelou suas fantasias de vida.
E abriu-se inteiro, de alma e coração.
A mulher voou logo em seguida.
Assustada como tanta informação.
Mas logo percebeu-se também apaixonada.
E voando depressa, colocou seus pés no chão.
O homem incrédulo chorou as margens do rio.
Sentiu-se traído sem uma razão.
O medo de perder sua amada era tanto.
Que pediu para cortar suas asas.
Vivendo para sempre, presa ao chão.
A mulher não entendeu tal motivo.
Seus pés ainda já estavam em terra, de peito aberto e sem hesitação.
Mesmo que suas asas pudessem lhe levar para longe.
Ela estava onde desejava.
Sem amarras ou obrigação.
O homem também não entendeu a recusa.
Como poderia confiar em algo tão indomável.
As asas lhe ameaçavam a todo instante.
Ela poderia voar a qualquer momento.
Como ficaria ele com ela tão distante?
– E como ficaria eu?
Perguntou a mulher.
– Voar é a minha maior dádiva. Não irei corta-la por um desejo seu.
– Poderia te contar os melhores lugares do mundo. Mas é aqui que meu coração encontra o conforto profundo.
– Minhas asas não são a ameaça.
– Já seus medos te impedem de voar. Não há mal algum em subir um pouco além. Se sua certeza ainda estiver no chão.
– Eu estarei também.
O homem confuso se pôs a pensar.
Que coisas lhe aguardaria se pudesse voar?
Seus pés sempre foram presos a terra.
Mas que mal haveria, por entre as nuvens, o pôr do sol vislumbrar?
Conhecer os pássaros e os cantos do mundo.
Viajar pelas brumas do céu.
Vivendo em amor profundo.
O homem chacoalhou sua cabeça e decidiu o que faria.
Molhou seus pés junto à sua amada.
E ambos voaram pela vida.